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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

quarta-feira, maio 03, 2006

A utopia do sonho é a utopia da realidade (3)

Os meus pais telefonaram-me. Pediram-me que eu
-Fala com o teu irmão. Ele acabou com a Ana. Ele não consegue manter uma relação por mais de dois meses. Fala com o teu irmão.
e eu convidei-o para almoçar. Fomos para uma esplanada com vista para a praia. Lembro-me que comemos umas bifanas no pão, mas isso não é importante.
-Os pais disseram-me que acabaste com a Ana.
-Pois, é verdade.
-Não podes ser tão instável. Tu nunca namoras o tempo suficiente para a conheceres. Nunca te esforças por uma relação. Já não tens idade para fazeres o que andas a fazer.
-Olha quem fala, tu não também não tens tido propriamente relações "estáveis"
(ele fez aquilo das aspas com os dedos. Meu deus, eu odeio isso)
à anos.
-Isso é muito injusto. Sabes bem que eu não tenho uma relação qualquer com uma rapariga à anos.
Ele sorriu
-Mas eu não tenho culpa. Não tenho jeito com as miúdas. Mas tu tens.
-Mano, acredita que não é por eu não gostar delas. Não é de todo. Mas quando a relação se transforma numa relação...quando deixa de ser apenas amor. Pior, quando o amor só existe às sextas à noite no cinema. Quando acordamos juntos e nenhum de nós se preocupa em arranjar o cabelo, para o outro não perceber que às vezes estamos desleixados. Eu não quero que fiquemos desleixados. Eu quero demorar sempre meia hora a arranjar-me antes de ir ter com ela. Não quero que deixar de me importar com se ela está a usar um vestido bonito. Não quero que fiquemos comfortáveis um com o outro. Quando isso acontece...tu percebes, não percebes?
Levei a garrafa de cerveja aos lábios e bebi um golo a olhar para o mar. Pensei no que ele tinha dito e sorri. Ele tinha razão. Ele tem razão. A música naquela esplanada era fantástica,

Numa de Death cab for cutie- Technicolor girls