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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

domingo, outubro 01, 2006

Um pequeno registo dos dias do céu cinzento

Debora, tenho saudades tuas. Às vezes penso que te tornaste apenas um vago conceito. Uma ideia que se nos cola. Ou mais um sentimento. E assim ficas, dormente, numa de
-Vem que te adoro.
Mas mais confusa. Menos explicita. Uma Debora, dentro de mim, quando vou à casa de banho. Quando semicerro os olhos e quando os abro por completo. Quando os fecho. Nunca me lembro de ti e nunca me esqueço. Diz-me quem me conhece
-Andas a dormir mal.
(ninguém me conhece)
mas não é verdade. Durmo bem, mas não durmo por dois. Mesmo que tu estejas, dormente, numa de
-Vem que te adoro.
Acho eu. Não posso ter a certeza, claro. És pouco explicita, Debora. Podes estar numa de
-Morre meu cabrão.
e não sei se muda muito. Não sei se quer dizer grande coisa. Mesmo quando estavas em minha casa sentada a meu lado
(no sofá plastificado)
vinhas com essas de
-Vem que te adoro
e a verdade é que ia. Se me aceitavas, Debora, eu ia. Mas sabia que mentias. No fundo, mentias sempre. Mesmo nos
-Morre meu cabrão.
Mentias. Não por mal. Apenas não te interessavas pelas palavras. Elas nada eram. Portanto, fica numa de
-Morre meu cabrão.
Se quiseres. Mas vai-me ronronando as palavras. Vai sorrindo enquanto as dizes.
A verdade é que fico mais estúpido contigo. O meu olhar fica difuso e quando o tempo passa, eu não sinto. Mantenho posições corporais idiotas
(incrivelmente idiotas)
e fico com dores musculares. Sim, a verdade é: fico mais estúpido contigo. Mas depois perco a comparação. Esqueco-me. Quando é que era mais esperto. Nunca quis saber de cinema francês, portanto, o que importa? Dantes não sentia as pontas dos dedos dormentes. Dantes tinha menos baixas de tensão. Mas, bem, o que importa?
Contigo não estou mais feliz.
(acho)
Perco a comparação. Contigo estou mais habituado
(seguro)
Tudo se torna certo, se pensar bem. Porque pensamos os dois e mesmo que eu seja estúpido
(tu também eras um bocado)
o que é que isso interessa? Nós percebemos as coisas e sentimos as coisas. Nós não somos grande coisa, mas somos alguma.
E, no fundo, já nos habituámos um ao outro.

1 Comments:

Blogger RitaNeves said...

tens sempre este sentinto de estares zangado mas nao estares. as vezes (muitas), penso se e verdadeiro.

1/10/06  

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