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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

sábado, dezembro 03, 2005

Febre de sábado á noite (2)

Telefonei-lhe na noite seguinte. Estava constipado devido á natação do dia anterior.
-Matilde?
-Olá.
-Olá. Queria convidar-te para jantar hoje.
-Gostava muito.
-Óptimo. Queres descer então? Estou aqui á frente de tua casa.
Ela abriu rapidamente a porta, com um gesto desajeitado. Quase tropeçou. Estava com uma uma blusa de alças vermelha e uns calções de ganga curtos. Estavam 12º negativos
-Acho que vou vestir alguma coisa mais quente.
-Tem mesmo que ser?-disse olhanda para as suas pernas.
Ela sorriu e disse-me para esperar na sala de estar.
Era um bonito vestido. Se fosse só o vestido...a irmãzinha do Jorge...Quem diria.
Levei-a a um restaurante na Avenida da Liberdade. Janelas enormes e tantas velas. Risotto com salmão para mim e para ela.
-Estás a estudar?
-Estou. Estou em humanidades. Quero escrever romances.
-Deve ser fabuloso.
-Eu gosto...e tu? O que fazes?
-Muita coisa. Não sei o que escolher. Talvez representar.
-Deve ser fabuloso.
-Eu gosto.
Ela era tão diferente da Rita.
Levei-a a casa. Mal nos aproximamos ouvimos a música que nela existia.
-Não vale a pena zangar-me com o meu irmão. Vamos dançar?
-E se ele nos vê?
-Ele há-de ter outras coisas em que pensar.
Dançámos a noite toda. Até na altura em que já ninguém dançava. Até na altura em que já ninguém lá estava.
-Estou demasiado cançada.
-Eu também. Já é tarde, tenho que ir.
-Gostei imenso de estar contigo esta noite.
-Também eu.
Ela despediu-se com um sorriso. Ela despediu-se com um beijo.
Fiquei algum tempo a olhar para a porta antes de me ir embora.