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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

quinta-feira, outubro 12, 2006

Sobre a morte e sobre os sonhos (2)

Eduardo era estagiário numa revista de uma universidade
(intituto superior de psicologia aplicada)
e quando lhe perguntavam o que fazia, respondia
-Eu faço os bonecos.
mas neste dia, os portões da universidade estavam fechados.
-Engraçado, nunca tinha visto os portões fechados
pensou Eduardo, dentro do seu carro.
-Fazia-os mais altos.
Eduardo também nunca tinha visto a faculdade com um ar tão Outonal e romântico e fresco. Uma frescura que se atava à sua respiração. Eduardo também pensou.
-Porque raio é que a Universidade está fechada?
e saiu do carro. Ao lado do portão existia um pequeno gabinete
(como existe ao lado de todos os portões)
Onde o senhor Tavares
(veterano da guerra de Angola)
residia e acenava e se lembrava do nome de toda a gente. Eduardo nunca percebeu como é que ele se lembrava do nome de toda a gente.
(toda a gente é muita gente)
e nesse pequeno gabinete existiam também os papeis. Se alguém quisesse papeis
(inscrições, faltas, notas, a existência de pizza no café da universidade)
era lá que os encontrava. Eduardo achava incrível que todos coubessem lá. Cabiam sempre.
Era então previsivel que, se a universidade fechasse num dia que não devia, estaria lá um papel.
Não estava.