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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

Banco de jardim 4 (Pôr-do sol)

Passaram cinco dias até o sol se pôr decentemente no nosso jardim. No nosso banco.
Nós, no nosso banco, somos espectadores de Lisboa. Não a Lisboa dos fados, dos filmes antigos, mas a verdadeira Lisboa. Carros a passar á velocidade de anjos sem asas. Prédios, obras na estrada. Uma banca de jornais coberta de um enorme manto plástico, transparente (mesmo que não chova). Dois velhotes. Boinas escovadas, camisas por dentro das calças. Um grupo de rapazes e raparigas. A rirem-se histericamente.
Quando o sol se pôs no nosso banco, os carros não passaram.
Os prédios desapareceram.
A banca de jornais fechou.
As boinas escovadas, as camisas por dentro das calças, os risos histericos. Tudo desapareceu.
Apenas por um momento, tudo desapareceu. Tirando nós. Eu contei as nuvens no céu. Contei-as alto, para ouvires. Apontei-as e disse cada nuvem, neste momento, vive um pouco mais. Acho que é por nossa causa. Acho que é por nos amarmos. Beijaste-me com tanta força, que eu sorri. O primeiro beijo da minha vida. Deixaste-me feliz em ti. Histérico. Fiquei feliz para sempre, enquanto o beijo durou. Disseste que me ias amar para sempre ( enquanto os nossos beijos durassem). Ficámos abraçados. Ficámos até Lisboa voltar. Até tu te ires embora. Eu apenas fiquei.