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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

quarta-feira, março 08, 2006

Manias manhosas

Fui ver o capote ao cinema (brilhante) e lembrei-me do que os filmes me fazem. Alteram-me por completo. Como se eu tivesse uma tendência inata para representar. Acabei de o ver e a minha cara senti-a outra (desconhecida). Apenas diferente (desconhecida), como os filmes me fazem.
-Gostaste do filme?
-Sim, gostei (verdade. Era brilhante). Mas achei perturbador, manhoso.
Ao dizer
-perturbador, manhoso
as palavras ficaram no ar. Consegui observá-las no ar, estáticas. Bolhas reflectindo as cores do mundo, estáticas, apenas por um momento. Apenas bolhas de sabão. Como se os meus lábios fossem argolas de plástico, circulos perfeitos. Como as usadas no circo, com animais que saltam pelo centro (em chamas). Apenas estas mais pequenas (sem chamas) que se mergulham em caixinhas cilindricas de sabão e água. Aquelas bolhas de sabão que os miúdos tenta apanhar, perseguir. As palavras
-perturbador, manhoso.
Como bolhas de sabão. Até que
-Porquê perturbador?
fez as bolhas rebentar no óbvio ululante. Na pergunta (óbvia ululante) com a qual não me tinha deparado. Porque é que o filme me perturbou? Porque os filmes me perturbam todos, uns no bom sentido outros no mau. Mentira: nada é preto e branco, sobretudo o que os filmes me provocam. O capote fez-me sentir capote (nem mal nem bem, capote) e por uns tempos, eu, torno-me o filme. Todos os actores (sobretudo capote, claro). Por poucas horas, o filme faz-me esquizofrénico. Mas, filmes felizes, alegres (apenas ideais) fazem-me sentir, ser melhor. Os filmes ensinam-me o que deve ser a vida (apenas ideais).
-Porquê perturbador.
Pela mesma razão pela qual o calor faz comichão (a mim) o capote é perturbador. Porque sou um apaixonado pela ficção do dia a dia (falta do sentimento de realidade). Nada que se possa compreender pela medicina tradicional (a natural compreende tudo). Nada de compreensível
-Comichão o tanas. Não fiques hipocondríaco, s.f.f.
pelo meu pai, pelo meu irmão ou por outro punhado pe parentes afastados (a minha mãe compreende tudo).
Verdade: os filmes nunca me fizeram comichão. Pelo contrário, à uns meses tentei conservar ao máximo aquela sensação de ter visto um filme feliz, alegre (apenas ideal). Vi todos os do Woody Allen e revi vários. A sensação começou a desaparecer.
-A sensação apenas existe porque é rara e pouco real. Se tentas torná-la eterna, ele irá desvanescer-se.
Disse eu alto a mim mesmo.
-No entanto, a comichão vai existir sempre que esteja calor.

1 Comments:

Blogger RitaNeves said...

q engraçado. os filmes do Woody Allen deixam me sempre com voltas na barriga e 1sensaçao de q nao vivo (sou) o suficiente.

Rita

8/3/06  

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