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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

quinta-feira, dezembro 28, 2006

Dawson's Creek (primeira série não censurada)

Hoje acordei sozinho na nossa cama e doeste-me. Não estavas lá, no entanto doeste-me.
(exacto, no entanto)
porque eu aguento bem sem ti. Aguentava antes de te conhecer. Milhões de pessoas não te conhecem e aguentam bem sem ti. Mas não naquele quarto. Estiveste lá, um tempo e agora não.
(claro que não)
e a cama está quente do teu lado. Não me atrevi a lavá-la, tirar-lhe o teu cheiro. Porque senti-o dói, mas melhora-me. Não no sentido: "fico um homem melhor contigo". Nem sequer é isso, contigo às vezes sou um cabrão. Fui um cabrão.
(desculpa)
Tornas-me algo. Miséria e felicidade e diversas teses acerca da maneira como alimento os espaços da vida com cenas de filmes. Algo. Então deixo estar o lençol em paz. O batôm que usavas quando me querias muito
(Era da tua irmã, mas ficava-te melhor a ti)
Um chá de tília numa caneca de cerveja. Uma camisola que te estava larga.Agora estás em Paris mas achas que não faz mal. Dizes que é bom para mim e dizes que tens saudades, mas achas que não faz mal. Tens de
-Clear my head
e achas que pronto: não faz mal. Sobrevives, e nós, que remédio, sobrevivemos. É verdade. Mas só porque agentamos a espera. Tu habituaste-te a esperar por mim, para ti é normal. Para mim não. Eu tive-te sempre, porque nunca te quis mais do que era admissível. Do que era possivel. Queria-te apenas para discutir a importância da televisão nas noites frias. Tu querias-me mais e eu não sabia. Devias ter-me dito. Agora também te quero mais e estás em Paris. Achas que não faz mal. Telefonas-me. A pedir-me coisas. Como se as quisesses. Como se tas pudesse dar. Como se pudesse chegar a ti.
-Write me a pleasant song
Joey, vou tentar, querida. Mas é difícil, sabes? Devido a esta melancolia toda. E o quarto, está demasiado claro. Se não me pedisses isso do pleasant, seria mais fácil. Querida Joey, vou tentar. Mas preciso de algo que me atinja, apenas um pouco. Apenas para que te possa conhecer um pouco, para te escrever. Feliz.Tento então ver umas fotografias tuas e entender a tua melancolia e o teu cabelo. Imagens de ti
(algumas de nós)
debaixo da minha mesa. Em cima da minha cama. Tinha-me esquecido de como era, ainda bem que te vim rever. Mas falta o movimento. De olhares para as unhas, nervosa, mas com medo de as estragar com os dentes
-Maybe just one bite.
e eu a acalmar-te. A dizer-te que podias levar o teu tempo. Não te ia apressar. Mas que queria estar ali, perto de ti, Joey. Tão apertados.Vejo isto e desaperto as minhas calças. Não o fazia desde miúdo: masturbar-me. Mas trouxeste-me as fotografias e as memórias de nós dois, nesta cama, dormindo. Vendo filmes do Spielperg. Dantes parecia ser. Quando via aquelas raparigas tão nuas e pensava que não devia. Ainda penso. Mas contigo é diferente. Foste tu que me pediste.
-Write me a pleasant song.
É isso que faço. Não masturbação, mas composição. Ou recomposição.Estou com as calças em baixo, como antes de nós, Joey. Um dia perguntaste-me quando o fazia e eu disse-te
-Every morning with Jery Ryan
e riste-te. Eu também.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Volcano de Damien Rice

És demasiado novo para perceberes que não devias estar a fazer isso. Eu sei que és. Mas ainda assim tenho que to dizer-Não devias estar a fazer issoainda te magoas e depois dizes que eu tenho a culpa. Ou, pior: que a culpa é dos dois. Não é. É tua. Desculpa, mas é. Tenho que te avisar já: é tua.
Achas que nós somos tudo. Mas não somos. E olha que ainda te magoas.

Não construas o teu mundo à minha volta. Nem à nossa volta que não merecemos. Porque eu beijo-te a boca e as costas e já está. É suficiente de nós para mim. Portanto tem cuidado e deixa-me avisar-te-O que eu sou para ti não é real e tu não precisas.

Tu dás-me aquilo que pensas que eu quero. Mas eu para ti sou inventada. Não sou eu, sou tu. Nunca me dás o que quero. Ainda assim, dás-me muito. Ou tudo até. Eu só queria mesmo uns beijos e algo que me fizesse sangrar. Queria que fosses tu. Pode ser? Podes-me fazer sangrar? Doer para depois dares-me um beijo e passar. É isso que me apetecia. É isso que nós somos. Gente que quer ser aquilo que é. Tu assim estragas tudo. A dizeres que somos mais que isso. A não ligar nada quando digo-O que eu sou para ti não é real e tu não precisas.Mas eu vou dando-te o que posso: aquilo que me vai atravessando. Ou então aquilo que eu vou atravessando. Mas isso não é tudo. Muito pelo contrário. São apenas fases que vou encontrando. Coisas que me vão procurando.Isso é importante. Mas não é tudo. Querido, esquece o tudo. Por favor, esquece-o. E já que estás aí, esquece-me a mim também. Não precisas de mim. Podes fazer o que fazes sosinho.