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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

terça-feira, março 28, 2006

Eterno enquanto durar

O primeiro sol de verão tão claro. Luz que sorrateira, nos abraça e
-estás tão grande
mas arde. Ficamos numa de
-estou com calor, vamos para a sombra
e numa de
-Estou com frio, vamos para a luz
Mas tu não. Tu gostavas desse
-estás tão grande
do primeiro sol de verão. Ficava-te bem nos cabelos. Nos olhos. Nesse teu sorriso de
-amo-te
só para mim. Numa esplanada a comer um gelado de limão
-É mesmo feito de limão
Lembrei-me das alturas em que comia gelados sosinho. À minha frente estava uma cadeira vazia Eu imaginava que estavas lá. Sentada. Nesse teu sorriso de
-Amo-te
só para mim. Sempre sonhei, nunca acreditei mesmo. Nunca pensei
-Um dia, o primeiro sol de cerão tão claro.
porque sempre sonhei, nunca acreditei mesmo. Mas tu estás à minha frente, agora. A comer gelado de limão. Um dia posso esquecer-me que sempre sonhei
(nunca acreditei mesmo)
Talvez um dia o sol
-estás tão grande
e eu nada. Eterno enquanto durar.

sexta-feira, março 24, 2006

I don't know what i can save you from

It was so cold that night. There was no rain. No wind. Just like if the sun disapeared. Laid in my sofa, I was listening to the cold. The music of the winter. The sound of the trees. The sound of hot chocolate. You can only hear it, if you don't move. If you try to catch every little noise. Just stay and listen, than i can hear the cars far away. The water boiling in the neighbours house. Girls laughing. The air still. The
-trim
phone
-trim
ringing.
-Hi
-Hi. It is Caroline. Can i go to your house? I really need to talk to you.
-Yes, sure.
-Thanks
I couldn't remember your face. We had said goodbye three years before and it was it. I couldn't remember your smile. Were your eyes blue? green? We had kissed a few times, but i couldn't remember how you tasted. I started making cofee and
-Maybe capuccino. Maybe she tasted like capuccino.
But i couldn't remember for sure. You knocked at the door, and you were crying. A shy tear in the corner of the eye. Smiling
(crying people always smile)
you said
-Have you got coffee?
After, i couldn't understand what you said. I forgot how your voice sounded. Like a poem in a different language. Lie: I think I never knew how your voice sounded. I never knew the coulor of your eyes.
-blue
-Sorry?
-your eyes. Are blue.
Another smile
(crying people always smile)
Why hadn't I noticed the way you smile? Was I blind? But, yet, i still don't know what i can save you from.

(qualquer erro, digam sff)

quarta-feira, março 22, 2006

versos soltos 3

Penso muito em ti
Naquelas bolhas de sabão que
sopravas. Como dentes de leão
Esquecias-te na banheira que o tempo não morre. Nunca
ninguém o mata. Não o tentes matar, mas sopra. Como se
dentes de leão.
Penso muito em ti. Não directamente
em ti: nas bolhas que tu foste. Encho a banheira e
as bolhas ainda és tu. Rebento-as
e espero encontrar os teus brincos.
bilhetes de cinema. Livros. Óculos velhos
partidos. Apenas
-pop
nada lá dentro.

domingo, março 19, 2006

Carta a ti de mim

Eu acho que me amas. Já á algum tempo que dou comigo a pensar
-ela ama-me
e a terra é pão-de-ló. Os pés pisam-na e ela
-pão-de-ló
fica. Sabes o que é? É a maneira como tu me olhas.
-Todos gostam de uma boa história de amor.
e a terra são eles. Quando me olhas, com esse olhar de ir, eu já sei
-Hoje, o pão-de-ló terá raspas de chocolate preto.
Seria maldoso dizer que a culpa é tua? Os teus olhos espalham as raspas pela terra. Achas que culpa é demasiado forte? O que é que achas?
Que perfume usas? Estou curioso, porque ás vezes a terra
-pão-de-ló
sabe a mel. Mas não mel normal. Mel o teu cheiro na minha boca. Engraçado: Cheira a mel, sabe ao teu cheiro. Muito engraçado: quando a terra
-Pão-de-ló. Eu acho que ela te ama.
e fica nesta marmelada durante horas.
-pão-de-ló. Eu acho que ela te ama.
Achas que tem razão? O que é que achas?

O escritor cometeu um crime. Apenas não foi a sangue-frio

Capote enquadra-se no grupo dos "filmes de óscares". Um filme biográfico, que mostra a complexidade de uma personagem, que dificilmente pode ser inventada. A densidade destes personagens necessita uma qualidade de representação fora do normal. Quem são eles? John nash em "Uma mente brilhante", Ray Charles em "Ray", Johnny Cash em "Walk the line" e Capote no filme homonimo.

Capote não é uma biografia, mas sim uma parte da vida de capote. A altura em que escreveu o livro "A sangue frio" e esse livro é o ponto central do enredo. A história de como Capote investigou um crime, em que uma família foi cruelmente assassinada. Capote acompanha os assassinos durante o seu julgamento e torna-se intimo de um deles. Forma uma relação próxima com um deles, que com o tempo se torna tenebrosa. Pois o seu livro tem de terminar e o julgamento tem vindo a ser adiado durante anos.

Se até aqui Capote tinha ajudado os assassinos, com excelentes advogados, agora Capote deixa de ajudar. Eles têm que morrer para que o livro acabe. Enquanto capote ama um dos criminosos também o quer morto. Ele deixa de os ajudar com advogados, porque eles têm que morrer.

Quem é capote? Um escritor. Um assassino.

Mas este é também um "filme de óscar" e portanto o actor principal, Phlip Seymour Hoffmann, é a verdadeira estrela. São actuações assim que nos fazem ver a diferença entre um grande actor e um bom actor. Porque Hoffman, neste filme, é Capote. A maneira como fala, como olham como anda. Hoffman é capote durante 115 minutos e nós acreditamos nele.

terça-feira, março 14, 2006

o novo sub-título

O sítio onde me beijas
-aqui, no ombro esquerdo
ainda não dói
beija-me outra vez

Na noite de maio

Eras tu que chamavas pelo meu nome, naquela noite de Maio. Os pombos voavam escondendo o sol escondido. No vidro do meu quarto escreveste
-amor
o meu nome. Pensavas que o silêncio ia gritar e lembrar-me para sempre. Não. O silêncio sofria
-amor
o meu nome, silênciosamente. Escreveste-o no vidro do meu quarto, com sangue que nunca foi sangrado. Como se o diabo fosse um actor. Tentaste assustar o silêncio.
-É sangue. Não te esqueças do nome dele.
Mas o silêncio era o silêncio e não ligou. Não te preocupes comigo, amanhã o sol volta. Amanhã os pombos terão algo para esconder. Esquece o sangue que não existe.
-Nada existe.
Mas o sangue existe. Vermelho. Sangrado por alguém, por algo. O sangue que existe foi gritado, chorado. Morto. Esse sangue com que escreveste
-amor
o meu nome, não existe. Eu estou cá e
-amor
o meu nome também. Amanhã o sol volta e eu vou estar cá. O silêncio sou eu e tu, nuvens perdidas num céu limpo. O silêncio vai estar cá. Amanhã os saxofones vão tocar notas soltas e vai deixar de ser silêncio. Nessa altura, o silêncio serão nuvens perdidas num céu limpo (eu e tu), e vai sabê-lo. Porque o silêncio não existe
nada existe
e o silêncio não vale a pena o sangue.

sexta-feira, março 10, 2006

versos soltos (2)

Deus: nós num dia de inverno
Apertados entre cobertores somos apenas um
Sorrimos como só deuses o fazem
E os teus braços são comos ramos de árvores
em dias de vento
Apertados entre os cobertores somos apenas um
mas os teus cabelos são apenas teus
Nuvens rasgadas do céu, como os teus cabelos.
Apenas os posso olhar.
Dos teus lábios apenas sinto o cheiro
Como o suor que a terra deita, o aroma do sol
O teu nome não sei pronunciar, ninguém sabe
Nós os dois somos apenas um (deus)
Mas eu sou apenas eu
*
Fui ver as ondas, lembrar-me de que
nada é meu, nem os beijos, nem os
abraços que me deste, porque tu
levaste tudo contigo. Ficaste com tudo

Fui ver as ondas. Mortas. Silêncio. Porque tu.
Porque tu ficaste com elas, já não
as posso ver. Tento mas os olhos
ardem-me. Os olhos são lama.

Fui ver as ondas, mas tu agarraste-me os pés
Já não posso sentir os pés na areia. Ela é
tua. Apenas os sol me arde nos pés. Nada
vazio. Devolve-me só as ondas.

quinta-feira, março 09, 2006

You are my sunshine

"The other night dear, as I lay sleeping,
I dreamed I held you in my arms,
but when I woke dear, I was mistaken,
and I hung my head and cried.

You are my sunshine, my only sunshine
you make me happy when skies are gray
you'll never know dear, how much I love you,
please don't take my sunshine away.

I'll always love you and make you happy
if you will only say the same
but if you leave me to love another
you'll regret it all some day

You are my sunshine, my only sunshine
you make me happy, when skies are gray,
you'll never know dear, how much I love you,
please don't take my sunshine away.


You told me once dear you really loved me
that no one else co
uld come between
but now you've left me and love another

you have shattered all my dreams.

You are my sunshine, my only sunshine
you make me happy, when skies are gray,
you'll never know dear, how much I love you,

please don't take my sunshine aw
ay."

-Lembra-te de mim, feliz
Tinhas um daqueles chupa-chupas em forma de bengala. Multi-colorido (verde, branco e vermelho) e as cores cobriam-no. Tiras de cor em espiral e as cores cobriam-no.
Sentada numa velha árvore sem folhas. Acho que estavas lá desde pequena, com uma perna a pender, livre, no ar.
-Eu tenho pensado em ti. No que me dizias. Nos poemas que eu te mandava pelas tuas amigas. Por favor, não te esquecas dos meus poemas.
Sorriste envergonhada. Porque os teus olhos sempre foram os meus e se me olhasses
-Descança, não esquecerei os teus poemas.
perdias tudo.
Os teus olhos tristes eram os meus olhos tristes, apenas eles. Não. Não eram apenas eles. Também eram.
-Não te esqueças de onde estivemos. Todos os montes, todas as árvores, todos os cinemas, todos os teatros. Não te esquecas das fotografias. Não te esqueças de quando pedimos a um senhor
balbucio, não tenho ideias, choro. Sou péssimo a recordar.
que nos tirou uma fotografia. A nós.
olhaste para mim triste e
-Aquele senhor de barba comprida? Nunca me esquecerei, prometo.
esqueceste-te que os teus olhos eram os meus.
-Não te esquecas que os teus olhos são os meus.
-Não me esquecerei.
Eu sei que um dia te esquecerás. Ou apenas me recordarás um dia, insensível. Um dia com a tua família dirás
-tive um dia um namorado.
e nada mais. Vais-te esquecer dos poemas, sei que vais. Vou escrevê-los nas portas do paraíso, paraque quando lá passares, vais-te lembrar de mim.

quarta-feira, março 08, 2006

Manias manhosas

Fui ver o capote ao cinema (brilhante) e lembrei-me do que os filmes me fazem. Alteram-me por completo. Como se eu tivesse uma tendência inata para representar. Acabei de o ver e a minha cara senti-a outra (desconhecida). Apenas diferente (desconhecida), como os filmes me fazem.
-Gostaste do filme?
-Sim, gostei (verdade. Era brilhante). Mas achei perturbador, manhoso.
Ao dizer
-perturbador, manhoso
as palavras ficaram no ar. Consegui observá-las no ar, estáticas. Bolhas reflectindo as cores do mundo, estáticas, apenas por um momento. Apenas bolhas de sabão. Como se os meus lábios fossem argolas de plástico, circulos perfeitos. Como as usadas no circo, com animais que saltam pelo centro (em chamas). Apenas estas mais pequenas (sem chamas) que se mergulham em caixinhas cilindricas de sabão e água. Aquelas bolhas de sabão que os miúdos tenta apanhar, perseguir. As palavras
-perturbador, manhoso.
Como bolhas de sabão. Até que
-Porquê perturbador?
fez as bolhas rebentar no óbvio ululante. Na pergunta (óbvia ululante) com a qual não me tinha deparado. Porque é que o filme me perturbou? Porque os filmes me perturbam todos, uns no bom sentido outros no mau. Mentira: nada é preto e branco, sobretudo o que os filmes me provocam. O capote fez-me sentir capote (nem mal nem bem, capote) e por uns tempos, eu, torno-me o filme. Todos os actores (sobretudo capote, claro). Por poucas horas, o filme faz-me esquizofrénico. Mas, filmes felizes, alegres (apenas ideais) fazem-me sentir, ser melhor. Os filmes ensinam-me o que deve ser a vida (apenas ideais).
-Porquê perturbador.
Pela mesma razão pela qual o calor faz comichão (a mim) o capote é perturbador. Porque sou um apaixonado pela ficção do dia a dia (falta do sentimento de realidade). Nada que se possa compreender pela medicina tradicional (a natural compreende tudo). Nada de compreensível
-Comichão o tanas. Não fiques hipocondríaco, s.f.f.
pelo meu pai, pelo meu irmão ou por outro punhado pe parentes afastados (a minha mãe compreende tudo).
Verdade: os filmes nunca me fizeram comichão. Pelo contrário, à uns meses tentei conservar ao máximo aquela sensação de ter visto um filme feliz, alegre (apenas ideal). Vi todos os do Woody Allen e revi vários. A sensação começou a desaparecer.
-A sensação apenas existe porque é rara e pouco real. Se tentas torná-la eterna, ele irá desvanescer-se.
Disse eu alto a mim mesmo.
-No entanto, a comichão vai existir sempre que esteja calor.

segunda-feira, março 06, 2006

what's love got to do with it, got to do with it

Um dia fui novo. Inocente (ignorante). O meu irmão estava no quarto com um amiga e eu era inocente (ignorante). Abri a porta, sem pensar.Não abri a porta, porque os pés do meu irmão
-Bate à porta antes de entrar.
não deixaram.
Os pés do meu irmão (descalços).
-Coitado do teu irmão
disse ela.
-Coitado nada. Basta bater à porta.
disse ele.
Estavam os dois (ele e ela) no quarto. Apenas a falar, mais nada.Não sei do que falavam antes de eu entrar. Não sei do que falavam depois de eu não ter entrado.
Agora sou novo (não tanto, as costas já me pesam) e agora penso
-isso é que é amor
muitas vezes.
Agora sou novo e passo o tempo a pensar que ele teve (tem) sorte (tanta). Uma rapariga no quarto, no meu quarto. Com o meu candeeiro, as minhas curtinas, a minha estante, a minha música.
Impossível. Sim. Mas se não for (é). Se eu estiver em casa (sozinho) e
-Olá, amo-te posso entrar?
Não se riam. Impossível. Sim. Mas tenho de continuar, portanto punhamos o impossível de parte.
Que música poria? Convidava-a para dançar? Há uns meses, num cinema, ouvi uma música e
-Eu poderia pôr isto a tocar para ela, se alguma rapariga vier ao meu quarto.
era do iron and wine.
Agora sou novo e não há ninguém no meu quarto. Eu imagino como será quando houver, se houver. Imagino muito. Imagino onde ela estaria sentada. Imagino onde eu estaria sentado. Imagino onde o meu irmão estaria sentado, paraque quando tentassem abrir a porta, o pé dele não deixava e
-Bate à porta antes de entrar.