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Ah ok

O sítio onde me beijas -aqui, no ombro esquerdo ainda não dói beija-me outra vez

domingo, julho 30, 2006

Manhattan (2006)6

Subi-as até encontrar um porta oxidada. Um verde, talvez escuro, talvez claro. Era dificil de notar, devido à luz fraca. Intermitente.
Abri-a com a manga do casaco.
(a maçaneta estava húmida. Só deus sabe com o quê)
e cheguei ao terraço. Repleto de antenas parabólicas
(não parabólicas)
caixas de metal e tubos. Tantos tubos. Sentei-me num deles e fiquei a observar os prédios e os telhados sem telha. As janelas que exibiam contabilistas em computadores, advogados em computadores, designers em computadores
(mas fininhos)
e nenhuma senhora a por a roupa a secar. Nem um senhor de colete de malha a observar as ruas. Era uma das razões pelas quais tinha saudades de Lisboa.
Lembrei-me da Ana Carolina e dos seu corpo nu. As sensações que experimentei tão estranhas por serem minhas. Já tinha desenhado e pintado dezenas de pessoas. Muitas mulheres. Lindas mulheres até. Uma delas cheguei a namorar. Elizabeth. Não são raros os romances entre modelos e pintores. A nudez propicia sempre acontecimentos nus.

sexta-feira, julho 28, 2006

Alexis bledel

quinta-feira, julho 27, 2006

Manhattan (2006)5

Olhei para ela e tentei ver as proporções.
(com um dedo no lápis e a ver a imgem dela desfocada)
mas a imagem dela não ficava desfocada. Eu não conseguia notar se os seus braços chegavam aos joelhos porque apenas a conseguia ver na sua nudez. Tão bela. Nos seus contornos suaves, possivelmente desenhados por um Vermeer. Nunca por um Lucian Freud. Muito menos por um Francis Bacon.
Os meus olhos estavam anormalmente abertos e recusavam-se a fechar. Acho que não encontravam motivos para o fazer.
-Vista-se.
-O quê?
-Não estou a conseguir trabalhar agora. Vista-se por favor.
-Sabe que me paga na mesma.
-Claro. Volte amanhã à esta hora. Vou ter de sair agora.
Abri a porta rapidamente e dirigi-me às escadas do prédio.

quarta-feira, julho 26, 2006

"Um dia, quando a ternura for a única regra da manhã, acordarei entre os teus braços"

Já não me lembro quem escreveu isto. Eu tenho-o escrito a caneta de acetato num tubo de metal e hoje apetecia-me escrever isto.

terça-feira, julho 25, 2006

Meu amor, já nada resta.

Ontem, as palavras tornaram-se a sombra das coisas que não acontecem
o reflexo da minha mão e da tua quando não estão entrelaçadas
pelos nossos dedos.

Ontem, as palavras tornaram-se tudo o que resta entre nós
o reflexo de nada e de coisa nenhuma porque tu nunca
estarás comigo. Nunca mais.

Ontem, as palavras tornaram-se músicas tristes
e desde então, todas as músicas são tristes e
são silêncio.

segunda-feira, julho 24, 2006

Manhattan (2006)4

-Forgive-me. I completely forgot about this.

-I’ll forgive you if you tell-me this an one person audition

-It sure looks like it.

-So, who will you pick for the job?

-hum?

-It was a joke. Forget it. My name’s Ana Carolina.

-Tuga?

-Oh meu deus, não! Nunca! Tuga? Portuguesa, mesmo que não goste de fado.

-Claro, é uma expressão infeliz.

-Tuga...

Abri a porta com rotações rápidas da chave na fechadura. Sentia o ar reprovador de Ana carolina a incidir na minha nuca. A palavra

-Tuga

estava no ar. Na composição do oxigénio. Entrámos os dois e eu fechei a porta, com esperança que a palavra ficasse lá fora.

-O meu nome é Pedro.

Ela sorriu ternamente. Nunca tinha visto ninguém ser capaz de sorrir ternamente. Ouvi rumores, acho que já todos ouvimos. Mas nunca tinha realmente visto ninguém ser capaz de sorrir ternamente.

-Quer que me dispa?

-Desculpe?

-Para me pintar. Não estava à procura de uma modelo...

-Sim, sim claro. Estava distraído. Já é um estado permanente.

Ela rapidamente tirou as suas roupas.

-Sente-se na cadeira perto do telão.

Ela era bonita. Não muito, mas ainda assim bonita. Ela tinha outra graça qualquer. Era charmosa e a maneira como olhava fazia um homem derreter. Na verdade, acho que faria qualquer ser vivo derreter-se. Aqueles olhos tão azuis que vemos nas meninas de seis anos e que nunca vemos nas mulheres de 20.

-As meninas bonitas de olhos azuis. Nunca soube o que lhes acontecia. O que acontecia àqueles olhos mesmo azuis. Não como os olhos azuis normais, a atirar para o cinzento. Aqueles que fazem os poetas fazerem metáforas lamechas

(demasiado lamechas às vezes)

comparando o mar aos olhos.

-Isso é um elogio?

-Não sei. Mas os teus olhos são mesmo azuis.

-Obrigado.

E ela olhou-me com um ar intrigado mas agradado. Tipo Julia Roberts no Notting hill, quando o Hugh Grant pergunta se ela quer sumo de laranja.

sábado, julho 22, 2006

Manhattan (2006)3

O almoço foi um almoço e isso geralmente funciona como regra para a minha vida. Quando acabámos eles foram ver um concerto. Uma daquelas coisas africana/brasileira/indiana/chinesa. Duvido sempre que as pessoas que vão a estes concertos vão pela música. Talvez esteja errado. Não duvido que as ruas sejam mais bonitas quando têm árvores e jardims e menos carros. Porém, acho que já me habituei a Nova yorke. Tipo coca-cola, "primeiro estranha-se depois entranha-se". Agora as pessoas que andam e não olham encantam-me. As pessoas que passam e não notam. Os pés começam a mexer-se e só param quando querem. Com eles as pessoas vão. Pessoas que são só pés. O meu apartamento fica mesmo no centro. Foi-me oferecido pelo meu merchant.
(tipo manager de pintores, mas com um nome francês.)
e tem uma parede em vidro
(Talvez seja clichê, mas eu gosto)
que dá para uma rua, e portanto para outros prédios com paredes em vidro. É um bom apartamento. Muito "breakfast at tiffany's".
Subi pelo elevador e estava uma rapariga á minha porta. Por momentos estranhei, mas apenas por momentos. Estava atrasado para uma audição para modelos. Eu contrato sempre modelos para pintar. O meu merchant paga.
(Ele paga tudo)

Recordar é viver de Vitor Espadinha

Espero que não conheçam a música, iriam achar mal de mim. É um bocado kitch, mas é romântica e aparece num episódio do "Fura vidas". O Quim é fanático por ela.

Foi em Setembro que te conheci
Trazias nos olhos a luz de Maio
Nas mãos o calor de Agosto
E um sorriso
Um sorriso tão grande que não cabia no tempo
Ouve, vamos ver o mar
Foste a trinta de Fevereiro de um ano por inventar
Falámos, falámos coisas tão loucas que acabámos em silêncio
Por unir as nossas bocas
E eu aprendi a amar

REFRÃO: Sim eu sei que tudo são recordações
Sim eu sei é triste viver de ilusões
Mas tu foste a mais linda história de amor
Que um dia me aconteceu
E recordar é viver, só tu e eu

Foi em Novembro que partiste
Levavas nos olhos as chuvas de Março
E nas mãos o mês frio de Janeiro
Lembro-me que me disseste que o meu corpo tremia
E eu, eu queria ser forte, respondi que tinha frio
Falei-te do vento norte
Não, não me digas adeus
Quem sabe, talvez um dia... como eu tremia, meu Deus
Amei como nunca amei
Fui louco, não sei, talvez
Mas por pouco, por muito pouco eu voltaria a ser louco
Amar-te-ia outra vez"

quinta-feira, julho 20, 2006

Manhattan (2006)2

-Depois mostras-me o quadro?
-Sim, claro.
-Eu vou andando. Vou almoçar fora com a Isabel.
-Ok
-Queres vir?
-Sim. Deixa-me ir buscar o casaco.
Isabel é a ex-mulher dele. Continuam a ser amigos, mas no fundo não o são. Nunca foram. Ele quer reconquistá-la e ela...acho que ela está confusa.
Fomos no carro dele.
-Pedro, isto está a cair aos bocados.
-Do que é que estás a falar?
-Do teu carro. A tinta está a descascar. O rádio só apanha a wnyc. Mal. Muito mal.
-É muito caro reparar. É um carocha. Dos primeiros.
-Pois.

quarta-feira, julho 19, 2006

manhattan(1979)

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Manhattan (2006)

O céu azul era como espuma que engolia o topo dos arranha-céus. Os prédios cinzentos
(quase todos cinzentos)
a certa altura azulavam. Azulavam por completo. O sol no entanto fazia com que o desaparecimento de parte dos edificios não fosse melancólico. Com que não fosse de todo melancólico, ou nostálgico.
(ás vezes é muito nostálgico)
era como um filme. Uma Nova yorke como no manhattan mas com cores.
(não com cores exageradas, como nas novelas. Ou como no L.I.E., mas nesse as cores exageradas não são demasiado exageradas)
Não me devia distrair tão facilmente. Mas esta vista não é ignorável. Não é habituável.
(acho que habituável não existe. Devia, é uma palavra gira.)
Não me devia distrair tão facilmente.
-Já acabaste?
-Ainda não comecei.
-Que raio é que estiveste este tempo todo a fazer?
-A ver a cidade
Não me devia distrair tão facilmente.
-Não te devias distrair tão facilmente.
-Pois, eu sei. Vira-te de frente para a câmara.
-Assim?
-ya. Quando eu disser viras-te rapidamente para a direita, ok?
-claro
-agora
Os efeitos nas fotografias sempre me fascinaram. Mesmo depois de perceber que são banais. Mesmo depois de perceber que qualquer miúdo é capaz de o fazer. Acho giro. No fundo não faz mal, eu sou um pintor, não um fotógrafo.

terça-feira, julho 18, 2006

Mazzy star - Flowers of your december


Before I let you down again
I just want to see you in your eyes
I would have taken everything out on you
I only thought you could understand

They say everyman goes blind in his heart
And they say everybody steals somebody’s heart away
And I got nothing more to say about it
Nothing more than you would me

Send me your flowers, of your december
Send me your dreams, of your candy wine
I got just one thing I can’t give you
Just one more thing of mine

They say everyman goes blind in his heart
They say everybody steals somebody’s heart away
And I’ve been wondering why you let me down
And I been taking it all for granted

O teu cheiro

Eu estarei aqui, sempre à espera
dos teus cabelos
e do seu cheiro. O teu cheiro.
Ás vezes ainda o sinto.
Ele entranhou-se na minha memória.

domingo, julho 16, 2006

The trapezee swinger de iron and wine


"Please, remember me/ happily/(...)/the time when/we counted every black car passing/"

terça-feira, julho 11, 2006

Barry White (1944-2003)

As suas últimas palavras foram "can't get enough of your love, baby"

segunda-feira, julho 10, 2006

Um gangster


ou algo do género. Não tenho bem a certeza. Basicamente, a ideia era: um tipo muito feio, a palitar os dentes (dá para ver o palito) com uma mão monstruosa.

sexta-feira, julho 07, 2006

The sea and the rhythm- Iron and Wine

Esta noite, somos o mar e a brisa salgada
O leite de teu peito está nos meus lábios
E palavras adoráveis da tua boca para mim
Quando o meu suor e as pontas dos meus dedos estão salgados

As nossas mãos, elas procuram o fim desta tarde
As minhas mãos acreditam e movem-se sobre ti

Esta noite, somos o mar e
O ritmo, lá.
As ondas e o vento e a noite são negro

Esta noite somos o aroma do teu
longo cabelo negro
Espalhado como a tua respiração
ao longo das minhas costas
As tuas mãos movem-se como ondas sobre mim
Por detrás da lua, esta noite, nós somos o
mar.
Porque há poesia em algumas
(muitas)
músicas e às vezes isso não se nota.

quarta-feira, julho 05, 2006

Nós precisamos de ser salvos

terça-feira, julho 04, 2006

Smoke and mirrors

Fumo e espelhos. Ilusões.
efeitos especiais
um pouco de medo, um pouco de sexo
é tudo o que o amor é
atrás das lágrimas
Fumo e espelhos
(ilusões)
Nós fomos tontos, tu e eu
Mas não existe razão para chorarmos
Nós fazíamos um excelente espetáculo
Mas é tudo. Eu tive de ir

A tradução é minha. Digam-me se for manhosa.

domingo, julho 02, 2006

Estou abrasileirado.

Hoje o amor é borrão de tinta em ti e
em mim. É soluço. É inflamação na
garganta e é medo. Todos os dias, o
amor é medo