-Forgive-me. I completely forgot about this.
-I’ll forgive you if you tell-me this an one person audition
-It sure looks like it.
-So, who will you pick for the job?
-hum?
-It was a joke. Forget it. My name’s Ana Carolina.
-Tuga?
-Oh meu deus, não! Nunca! Tuga? Portuguesa, mesmo que não goste de fado.
-Claro, é uma expressão infeliz.
-Tuga...
Abri a porta com rotações rápidas da chave na fechadura. Sentia o ar reprovador de Ana carolina a incidir na minha nuca. A palavra
-Tuga
estava no ar. Na composição do oxigénio. Entrámos os dois e eu fechei a porta, com esperança que a palavra ficasse lá fora.
-O meu nome é Pedro.
Ela sorriu ternamente. Nunca tinha visto ninguém ser capaz de sorrir ternamente. Ouvi rumores, acho que já todos ouvimos. Mas nunca tinha realmente visto ninguém ser capaz de sorrir ternamente.
-Quer que me dispa?
-Desculpe?
-Para me pintar. Não estava à procura de uma modelo...
-Sim, sim claro. Estava distraído. Já é um estado permanente.
Ela rapidamente tirou as suas roupas.
-Sente-se na cadeira perto do telão.
Ela era bonita. Não muito, mas ainda assim bonita. Ela tinha outra graça qualquer. Era charmosa e a maneira como olhava fazia um homem derreter. Na verdade, acho que faria qualquer ser vivo derreter-se. Aqueles olhos tão azuis que vemos nas meninas de seis anos e que nunca vemos nas mulheres de 20.
-As meninas bonitas de olhos azuis. Nunca soube o que lhes acontecia. O que acontecia àqueles olhos mesmo azuis. Não como os olhos azuis normais, a atirar para o cinzento. Aqueles que fazem os poetas fazerem metáforas lamechas
(demasiado lamechas às vezes)
comparando o mar aos olhos.
-Isso é um elogio?
-Não sei. Mas os teus olhos são mesmo azuis.
-Obrigado.
E ela olhou-me com um ar intrigado mas agradado. Tipo Julia Roberts no Notting hill, quando o Hugh Grant pergunta se ela quer sumo de laranja.